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Santa Maria já registra 5 casos graves de infecção intestinal

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Foto: Ariéli Ziegler (Prefeitura de Santa Maria)

Na manhã desta quinta-feira, a Vigilância em Saúde de Santa Maria fez uma vistoria na Escola de Educação Infantil do Sesi, no Bairro Patronato, onde estudavam as crianças de 4 e 5 anos que morreram com sintomas de infecção intestinal nesta semana. A prefeitura montou um Gabinete de Crise para avaliar, identificar e investigar todos os casos. 

Segundo a prefeitura, para identificar o que causou o provável surto, é preciso estabelecer relações entre as vítimas, o que será feito a partir de um questionário aplicado aos familiares das crianças que estudam no Sesi, escola de onde são as vítimas. Até agora, foram identificados cinco casos graves. Duas crianças morreram: Murilo Brum, de 5 anos, e Antônia Pradie Boechardt, 4 anos. Uma mulher, mãe de um aluno da escola, segue internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital de Caridade; e duas crianças que manifestaram os sintomas já receberam tratamento adequado e estão bem.

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Durante a manhã, os profissionais da prefeitura inspecionaram as salas de aula e a cozinha da escola. A instituição de ensino está com o alvará sanitário em dia e se colocou à disposição para entregar às autoridades os controles necessários, como laudos da caixa d'água e de fornecedores de alimentos. Ainda, uma equipe do Vigiágua, da Secretaria Municipal de Saúde, esteve na escola e coletou amostras de água nos pontos de armazenamento.

REUNIÃO COM PAIS DE ALUNOS
O sentimento entre pais, mães e familiares de estudantes da Escola de Educação Infantil do Sesi é de preocupação. Na tarde desta quinta-feira, no Avenida Tênis Clube (ATC), ocorreu uma reunião entre os responsáveis pelas crianças, a direção da escola e representantes da prefeitura para tratar do possível surto de infecção intestinal que vitimou os alunos Murilo Brasil Brum, 5 anos, e Antônia Pradie Borchardt, 4.

Cerca de 40 pessoas participaram da reunião. A reportagem do Diário não teve acesso ao encontro, mas, na saída, familiares falaram sobre o que foi abordado durante as mais de duas horas de conversa.

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Segundo a tia de um aluno, que preferiu não se identificar, ainda não há uma resposta concreta para o que causou a morte das duas crianças. A principal reclamação dos familiares é em relação à demora na identificação do problema. O descaso de serviços de pronto-atendimento, que não estariam dando a devida importância ao caso, também foi abordado. 

- Estão tentando tranquilizar as pessoas, mas duas crianças já morreram. Tem criança internada, tem uma mãe internada, então é complicado. Com tanta tecnologia disponível, se leva tanto tempo para ter resultado de uma doença que está matando - questionou a mulher.

De acordo com a mãe de uma aluna, durante a reunião foi garantida a disponibilidade de atendimento e medicação suficiente para tratar de novos casos que possam surgir. Entretanto, ela deixou o local contrariada.

- Às vezes, parece que estão tentando tapar o sol com uma peneira, a gente fica muito preocupada. Estão investigando. Disseram que é para ter cuidado com a água, mas a Corsan lança uma nota dizendo que não é na água. Não se tem laudo dos que vieram a óbito, não tem nada - reclamou outra mãe de aluno. 

REDE DE APOIO
O superintendente regional do Sesi, Juliano Colombo, garante que a instituição está prestando todo o apoio possível aos pais e estudantes. 

- Como os primeiros casos estão relacionados com a escola, nos sentimos na obrigação de dar uma atenção e acolher esses pais. Então, mobilizamos uma equipe, com psicólogos, médicos de outras unidades para dar esse acolhimento. Ao mesmo tempo, chamamos a Secretaria de Saúde, a área técnica, para trazer as informações que pudessem servir a esses pais que estão se sentindo afetados por esse processo - informa.

Na reunião, foram prestados esclarecimentos sobre como os pais devem agir em caso de suspeito de infecção, divulgando os contatos da Vigilância Sanitária, os encaminhamentos e os atendimento nos postos de saúde.

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O ano letivo terminou no último dia 20 e, por isso, o prédio onde funciona a escola está fechado. As aulas devem ser retomadas em fevereiro, de acordo com o calendário da instituição. Colombo ressalta que não existem evidências de que a escola seja responsável pela contaminação das crianças e garante que o estabelecimento cumpre todas as normas vigentes. 

- Temos toda uma estrutura de alimentação, onde as crianças recebem, por exemplo, o almoço. Temos um processo controlado de compra e guarda dos alimentos, temos nutricionista responsável, todo um processo de cuidado que segue rigorosamente a legislação - afirma.

PROTOCOLO DA SAÚDE A SER SEGUIDO
O Gabinete de Crise montou novos protocolos, que devem ser respeitados por todas as unidades de pronto-atendimentos (PAs), tanto da rede pública quanto da privada. Dessa forma, todas as pessoas que entrarem nos PAs com dores abdominais e diarreia devem ter coletadas amostras de sangue e fezes para análise laboratorial. O profissional faz o diagnóstico clínico. Sintomas de dores abdominais e diarreia aguda devem passar por coleta de sangue e fezes, começar hidratação venosa e ficar em observação. Persistindo os sintomas, é preciso começar tratamento com antibiótico específico. Todos os casos devem ser notificados à Secretaria de Saúde.

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O secretário Francisco Harrisson informa, ainda, que situações de infecção intestinal são comuns nesta época do ano, mas o que preocupa é a gravidade dos casos que surgiram até agora. Por isso, todos devem procurar atendimento, pois somente o profissional vai conseguir definir o que são casos comuns e casos infecciosos graves.

ATENDIMENTOS NAS ÚLTIMAS 24 HORAS
Nas últimas 24 horas, 128 pessoas procuraram a rede municipal de saúde. Todas passaram pelos procedimentos padrão adotados, que são coleta de sangue e de fezes. De 86 crianças que deram entrada dos pronto-atendimentos, 2 ficaram em observação no Pronto-Atendimento do Patronato por terem apresentado desidratação mais aguda. Uma idosa também precisou receber hidratação e ficou em observação na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). No entanto, nenhum dos casos é considerado grave.

  • Unidade de Pronto-Atendimento (UPA): 28 entradas (19 crianças e 9 adultos; 1 idosa ficou em observação)
  • Pronto-Atendimento Ruben Noal: 12 entradas (todos adultos e nenhum em observação
  • Pronto-Atendimento Municipal do Patronato: 88 entradas (67 crianças e 21 adultos, sendo que 4 adultos e 27 crianças foram hidratadas e, dessas, 2 crianças seguem em observação). 

O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) esteve em Porto Alegre, nesta quinta-feira, para pedir ao governo do Estado apoio no aumento de exames a ser realizados no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). O governador Eduardo Leite (PSDB) autorizou aumento nas cotas de exames feitos no hospital, mesmo que o Estado aumente o repasse para isso. 

CAUSAS
Ainda não se sabe qual a causa do surto de infecção intestinal. De acordo com a prefeitura, não há indícios, até agora, de que a causa do surto seja a água. O secretário explica que os casos não tem a ver com meningite, como diziam mensagens espalhadas por redes sociais.  

CUIDADOS
A orientação é que os pais procurem atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas (vômito, diarreia e dor abdominal).  Entre as recomendações, a secretaria de Saúde pede que crianças que apresentarem os sintomas evitem contato com outras crianças. Além disso, os pais devem cuidar ao manipularem as fezes da crianças e sempre desinfestar o banheiro. 

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